Como além da conta ou tenho um Transtorno Alimentar
- Lorrane Cristine
- 5 de mar.
- 4 min de leitura

Entenda as Diferenças Entre Comer compulsivo, Compulsão Subjetiva e Transtorno compulsivo alimentar. Você já sentiu que exagerou na comida e ficou com peso na consciência? Já tentou compensar com dieta restritiva nos dias seguintes? Ou teve aquela sensação de perda de controle ao comer algo, mesmo que a quantidade não fosse tão grande assim? A nossa relação com a comida é algo complexo e vai muito além da fome física. Estresse, ansiedade, hábitos culturais e até padrões impostos pela sociedade influenciam o modo como nos alimentamos. Algumas pessoas usam a comida como conforto emocional, outras sentem que não conseguem parar de comer quando começam, e há quem se culpe intensamente mesmo após um pequeno "excesso". Mas quando isso se torna um problema real? Como diferenciar um episódio isolado de compulsão alimentar de um transtorno psiquiátrico? Hoje vamos explorar as diferenças entre comer compulsivo ocasional, compulsão alimentar subjetiva e o Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA).
1. Comer Compulsivo Ocasional: Todo mundo já passou por isso Você está em um rodízio de pizza ou naquela reunião de família cheia de pratos deliciosos. Come um pouco mais do que o habitual, fica satisfeito, mas segue comendo porque está gostoso ou porque quer aproveitar a ocasião. No final, sente-se cheio, precisa tomar um antiácido ou esperar mais tempo antes de ir pra cama... mas passa por isso sem grande sofrimento emocional. Esse tipo de episódio aqui ou acolá é normal. O organismo humano responde a contextos sociais, emoções e até mesmo a períodos de fome prévia (se você passou o dia sem comer direito, por exemplo). Comer um pouco além da conta ocasionalmente não significa que há um transtorno alimentar. O problema surge quando esses episódios são frequentes, acompanhados de culpa intensa ou sensação de descontrole.
2. Compulsão Alimentar Subjetiva: Quando a culpa fala mais alto Agora imagine outra situação: você comeu um sanduíche, um punhado de batatas fritas e um chocolate depois. A quantidade de comida não foi tão grande objetivamente, mas você sente que "perdeu o controle" sobre suas escolhas e começa a se culpar. Na compulsão alimentar subjetiva, a pessoa tem a sensação de que comeu excessivamente, mesmo que, objetivamente, a quantidade ingerida não tenha sido exagerada. Esse padrão é comum em quem tem regras rígidas sobre alimentação e vê qualquer “deslize” como uma grande falha. Essa rigidez pode ser parte da personalidade da pessoa, mas também ter sido adquirida após ciclos de ganho de peso e emagrecimento ou após dietas restritivas, por exemplo. O perigo? Esse tipo de pensamento pode levar ao ciclo da restrição e da compulsão: a pessoa come algo que considera inadequado a ela, sente culpa, restringe ainda mais a alimentação e, depois, volta a comer em maior quantidade, gerando mais culpa. É uma armadilha mental que pode piorar a relação com a comida e, em alguns casos, ser um fator de risco para o desenvolvimento do Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA). Embora não seja um transtorno alimentar, a compulsão subjetiva exige, então, um olhar atento.
3. Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA): Quando a comida se torna um problema de saúde O Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) não é apenas comer muito ou sentir culpa. Ele tem critérios bem definidos pelo DSM-5 e se caracteriza por:
✅ Episódios frequentes de ingestão de grande quantidade de comida em um curto período (até 2 horas), acompanhados de sensação de perda de controle.
✅ Comer muito rápido, até sentir desconforto físico, muitas vezes sem fome real.
✅ Comer escondido por vergonha da quantidade ingerida.
✅ Sentir culpa intensa, angústia ou até depressão depois do episódio.
✅ Os episódios ocorrem pelo menos 1 vez por semana nos últimos 3 meses. Diferente da bulimia nervosa, o TCA não envolve comportamentos compensatórios, como vômitos ou uso de laxantes. No entanto, ele pode estar associado a quadros de ansiedade, depressão e problemas metabólicos. Impacto na saúde mental e física.
Pessoas com TCA frequentemente vivem presas no ciclo da compulsão alimentar, intercalando períodos de tentativa de controle extremo com episódios de compulsão. Isso pode gerar: ● Baixa autoestima e sofrimento emocional, devido à culpa constante. ● Prejuízos na saúde física, como resistência à insulina e risco cardiovascular. ● Isolamento social, por vergonha da forma como comem.
O TCA é um transtorno sério, mas tem tratamento e pode ser superado com acompanhamento profissional. Mas e agora? O que fazer? Se você percebe que sua relação com a comida está gerando sofrimento, saiba que há tratamento e você não precisa lidar com isso sozinho. O que pode ajudar? ✔ Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda a mudar padrões de pensamento e comportamento alimentar. ✔ Acompanhamento psiquiátrico: em alguns casos, a medicação pode ajudar a reduzir impulsividade e episódios de compulsão. ✔ Orientação nutricional adequada: sem dietas restritivas, mas com foco na alimentação equilibrada e sem culpa. Busque ajuda e recupere sua paz com a comida Se você sente que sua alimentação está dominada pela culpa, pelo exagero frequente ou pela sensação de descontrole, saiba que isso não é apenas uma questão de força de vontade. Transtornos alimentares são reais e podem ser prevenidos e tratados. Cuidar da sua relação com a comida é um investimento na sua qualidade de vida. Se você precisa de ajuda, conte com a Clínica Voi, onde contamos com um time de psiquiatras, psicólogos e nutricionista experientes que podem ajudá-lo. Você não está sozinho nessa jornada. � �
Texto por dra LORRANE MORAIS
Comments